Momento aconteceu durante uma audiência da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba
Uma audiência judicial viralizou nas redes sociais após o sócio de uma empresa que é alvo de um processo trabalhista se esconder debaixo de uma mesa para tentar enganar o juiz que dirigia o rito. O momento foi registrado durante uma audiência da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba realizada nesta quinta-feira (24).
O imbróglio começou após o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado notar que as janelas ao fundo do advogado Robison de Albuquerque e do cliente dele, Ricardo Machado, eram idênticas. Diante disso, o magistrado inicialmente perguntou a Robison se os dois estavam na mesma sala, o que o defensor negou.
“O Ricardo [cliente] estava na mesma sala que o senhor?”, indagou o juiz.
“Não. Ele está na sala de baixo”, respondeu o advogado.
Com a negativa, o juiz pediu que o defensor filmasse ao redor da sala em que estava para ter certeza de que não havia mais ninguém no local. O advogado até cumpriu o pedido, mas só mostrou parte do espaço. O magistrado então insistiu que Robison fizesse uma gravação mais ampla da sala, e foi nesse momento que o cliente Ricardo se escondeu embaixo de uma mesa.
O ocorrido chegou a gerar risadas da autora do processo e de seu advogado, mas o juiz se revoltou e classificou o episódio como “piada”, “palhaçada” e “falta de respeito”. O magistrado prometeu notificar a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Paraná (OAB-PR) sobre o que aconteceu na audiência.
A ação em questão trata de um pedido de verbas rescisórias de R$ 20 mil por parte da autora do processo, o que é contestado pela empresa representada por Robison. Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) disse que o advogado “tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho no Paraná”.
O impedimento legal de que uma parte que ainda não prestou depoimento assista à oitiva da outra parte está previsto no art. 385, parágrafo 2°, do Código de Processo Civil, que diz: “É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte”. De acordo com o advogado Vitor Benin, que representa a autora da ação, teria sido exatamente isso que aconteceu.
“O Ricardo, por ser dono da empresa, não poderia ter ouvido o depoimento da autora, que aconteceu em um momento anterior da gravação, que não apareceu no vídeo que viralizou. Só que, por estar na mesma sala, ele acabou ouvindo, o que é contra a lei”, ressaltou.
Robison, porém, se defendeu da acusação de que tenha ocorrido qualquer ilegalidade na audiência e disse que seu cliente apenas se abaixou para pegar um objeto que caiu no chão. Ele também negou a existência de regras que proíbam a presença do cliente no momento do interrogatório da autora.
“Era uma audiência trabalhista, com o reclamante e o reclamado. Não foi feita nenhuma orientação preparatória para que eles fossem ouvidos separadamente. Foi um desentendido, eles poderiam estar no mesmo lugar. Ele foi mexer em algo que caiu no chão”, disse o advogado.