Abrint explica como X driblou bloqueio e ficou ativo no Brasil

Internautas conseguiram utilizar a plataforma

Nesta quarta-feira (18), a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) emitiu uma nota, indicando que o retorno da rede social X para alguns usuários no Brasil ocorreu após uma atualização que tornou o bloqueio mais difícil.

Alguns internautas que utilizam o aplicativo da plataforma X relataram que conseguiram acessar a plataforma nesta quarta, apesar de não haver qualquer informação de que o serviço foi liberado no país. De acordo com o portal UOL, o Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou o acesso ao X no Brasil, relatou que está checando o ocorrido.

Os relatos sobre a “volta” do X começaram a circular na internet ainda na terça (17), quando algumas pessoas brincaram com a situação e disseram que estavam conseguindo acessar seus perfis mesmo sem utilizar VPN, mecanismo que permite escapar do bloqueio.

Já a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável por notificar as operadoras para que o serviço seja retirado do ar, recomendou acionar o STF e disse que “as demandas sobre o X e Elon Musk estão sendo respondidas pelo Judiciário”.

O X está com acesso bloqueado no Brasil desde o dia 30 de agosto, após o ministro Alexandre de Moraes ter punido a rede social de Elon Musk pelo não cumprimento de ordens emitidas pelo magistrado, como a nomeação de um representante legal no Brasil. No dia 2 de setembro, a decisão foi confirmada por unanimidade pela Primeira Turma do STF.

O comunicado da Abrint foi dividido em tópicos. O primeiro deles explicou o que aconteceu com a plataforma X.

“O aplicativo X foi atualizado há aproximadamente 15 horas, durante a noite, o que resultou em uma mudança significativa em sua estrutura. Os usuários que tinham o aplicativo instalado em seus celulares receberam uma atualização automática, e o novo software começou a operar de maneira diferente, agora utilizando endereços de IP vinculados ao serviço Cloudflare”, disse a Abrint.

Ainda segundo a nota, “a mudança para o Cloudflare torna o bloqueio do aplicativo muito mais complicado”.

“Diferente do sistema anterior, que usava IPs específicos e passíveis de bloqueio, o novo sistema faz uso de IPs dinâmicos que mudam constantemente. Muitos desses IPs são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet, tornando impossível bloquear um IP sem afetar outros serviços”, apontou.

O texto explicou ainda o que é o Cloudflare e o motivo de ele estar em uso.

“Cloudflare é um proxy reverso em nuvem, utilizado por empresas para proteger e melhorar a performance de seus serviços online. No caso do X, a utilização do Cloudflare permitiu uma resistência mais eficiente contra os bloqueios, já que os IPs estão constantemente mudando e sendo compartilhados por diversos serviços, dificultando uma ação direta de bloqueio por parte dos provedores de internet”.

A Abrint revelou como isso impacta os provedores de internet que, segundo a associação, “estão em uma posição delicada”.

“Os provedores não podem tomar ações por conta própria sem uma orientação oficial da Anatel, pois um bloqueio equivocado poderia afetar empresas legítimas. Dessa forma, estão aguardando uma análise técnica e instruções da Anatel para decidir quais medidas serão tomadas”.

O comunicado deixou claro que “a principal dificuldade em bloquear o Cloudflare está no fato de que ele funciona como um proxy reverso, com IPs que mudam frequentemente”.

“Bloquear o Cloudflare significaria bloquear não apenas o X, mas também uma série de outros serviços que dependem dessa infraestrutura, o que poderia afetar negativamente a internet como um todo”.

A associação continuará acompanhando as análises da Anatel e mantendo seus associados informados sobre qualquer novidade. Os provedores regionais, que representam mais de 50% do mercado de fibra óptica no Brasil, aguardam com expectativa as orientações que deverão surgir nos próximos dias para entender como proceder em relação ao X.

SOBRE A ABRINT

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT) tem atuação nacional e representa provedores regionais de internet em discussões junto ao governo, órgãos reguladores e entidades afins. Provedores são majoritariamente empresas de pequeno e médio portes. Segundo a Anatel, há pelo menos um provedor em operação em todas as cidades do país e mais de 50% do mercado nacional de fibra óptica até os domicílios brasileiros vêm dos pequenos provedores.

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