“É tudo muito triste”, avaliou ex-integrante da Corte
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello avaliou que seus ex-colegas de Corte “perderam a cidadania”. Ele ainda pontuou que a “concentração de poderes não é sadia”, na verdade, é “perniciosa”.
As declarações ocorreram em entrevista ao Jornal da Oeste, nesta segunda-feira (19). Na ocasião, Marco Aurélio se pronunciou sobre o ministro Alexandre de Moraes ter usado informalmente o Tribunal Superior Eleitoral (STF) para mirar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“É tudo muito triste. E evidentemente, não estou contente com o que eu vejo. Administração pública só pode agir quando autorizada em lei. E Judiciário é órgão inerte. Há de haver sempre a provocação: o nosso sistema brasileiro é acusatório. A polícia investiga, o Ministério Público acusa, e o Judiciário, órgão independente e equidistante julga”, assinalou.
O magistrado ainda reprovou o fato de Moraes dispor de juiz auxiliar no STF e no TSE.
“Não vejo com bons olhos quando se tira um juiz do primeiro grau para colocá-lo simplesmente como juiz auxiliar de um ministro, como se assessor, servidor público simples fosse”, acrescentou.
Marco Aurélio também alcunhou o inquérito das fake news como o “inquérito do fim do mundo”, e disse que ele já começou mal.
“Não vejo quando o inquérito terminará porque nele cabe tudo. Já está em tramitação há quatro anos. Por que começou errado? Porque foi instaurado pela vítima, pelo próprio Supremo. E o presidente à época [Dias Toffoli] ao invés de proceder ao sorteio do inquérito, ele pinçou a dedo o relator [Alexandre de Moraes]”, lembrou, relatando ter dito a Toffoli que se estivesse no lugar de Moraes não teria aceitado a relatoria.