Ex-diretor da emissora fala sobre os bastidores do debate presidencial de 1989, com Lula e Collor
O ex-diretor da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, afirmou em entrevista ao Estadão que a emissora na qual ele trabalhou por décadas tem um viés político de esquerda e que seus donos não gostam do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Acompanho o jornalismo da Globo, de altíssima qualidade, como acompanho o da Band, da Cultura, da CNN, da ABC… Mas a redação da Globo, me parece, e falo como um mero espectador… Acho que o caminho da Globo é mais à esquerda”, declarou.
O profissional comentou ainda que depois da manipulação da edição da Globo no debate transmitido em 1989 entre os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, a emissora passou a fazer esse tipo de conteúdo apenas ao vivo e se arrependeu de favorecer o ex-presidente Collor, que acabou vencendo a eleição naquele ano.
Segundo ele, na época, Roberto Marinho tinha simpatia por Collor, mas depois a empresa foi tão pressionada pelo ex-presidente impichado “que teve que festejar o Lula”, outrora rejeitado pela emissora.
Sobre o ex-presidente Bolsonaro, Boni disse que a direção da TV Globo é contra ele e que o apoio a Lula se dá por essa rejeição, uma vez que nenhum deles é ligado ao Partido dos Trabalhadores.
“O pessoal é muito antiBolsonaro. Não é nem a favor do Lula. Eu não conheço ninguém na direção da TV Globo que seja politicamente partidário do PT, nem do Lula. Mas sei que todo mundo tem uma resistência muito grande ao Bolsonaro”, declarou ele que hoje é presidente da TV Vanguarda, afiliada da Globo em São José dos Campos (SP).