Segundo a publicação, é provável que o esquerdista dobre aposta no populismo que marcou “desastroso mandarinato petista” encerrado em Dilma Rousseff
O alto índice de desaprovação de Lula e a consequente queda de popularidade podem estimular o governo a acelerar a demagogia. É o que destaca editorial do jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, desta segunda-feira, 13.
A publicação cita a recente pesquisa Genial/Quaest que, pela primeira vez no terceiro mandato do petista, revelou que o porcentual de brasileiros que aprovam e desaprovam o governo ficou tecnicamente empatado — 50% aprovam o governo, enquanto 47% desaprovam.
Para 63% do país, Lula não está cumprindo o que prometeu, enquanto apenas 32% dos entrevistados acreditam no contrário.
“Só governistas e petistas mais empedernidos darão preferência a alguns poucos índices positivos que a pesquisa traz — como a boa avaliação sobre o trabalho de socorro no Rio Grande do Sul”, afirma o Estadão.
Além disso, houve quem destacasse que Lula conseguiu parar a trajetória de queda da avaliação. Isso porque o porcentual dos que aprovam o mandato caiu a cada levantamento desde agosto de 2023, mas a oscilação ficou estável na comparação da pesquisa mais recente com a de fevereiro.
“Com uma gestão tisnada pela mediocridade e pela repetição de velhos erros, jogar luz sobre a metade cheia do copo de avaliação pode fazer parecer que a tormenta chegou ao fim”, afirma a publicação. “Engano.”
O dado mais expressivo da pesquisa, porém, é o crescimento contínuo da população que desaprova o governo — uma curva cresce desde agosto do ano passado. A economia foi mais uma vez citada como o principal problema do país.
Para o jornal, Lula permanece fiel ao DNA de quem tem plena convicção de que a história do Brasil começa e termina com ele. Este seria o motivo para que o petista teria adotado o discurso triunfalista, culpado ministros por não saberem “contar a verdade” ou ainda responsabilizado o pouco tempo de mandato para cumprir o que prometeu.
Lula e petistas têm alternativas, diz Estadão
O Estadão argumenta que Lula e seus “bajuladores” têm alguns possíveis caminhos a escolher. “Um deles é o modo delirante, que até aqui domina os corações da caciquia lulopetista: continuar achando que a desaprovação é culpa da “percepção” da população, incapaz de ver e reconhecer os grandes feitos de seu mandato”, diz o texto.
Segundo essa ótica, a maioria ainda não teria se dado conta de que a economia melhorou, com inflação controlada e queda do desemprego, o que se resolveria com uma “comunicação oficial mais eficiente”.
Mas, de acordo com a publicação, haveria também o modo realista, capaz de compreender as fragilidades da gestão, construir um plano para o restante do governo, analisar o baixo impacto de indicadores econômicos e corrigir rotas, para, assim, produzir resultados no longo prazo.
“Levando-se em conta a vocação do PT de ignorar a realidade e a ambição de Lula de ser reconhecido como o maior líder político da história brasileira sem que, para isso, seja necessário governar de fato, é natural que o lulopetismo esteja a administrar o Brasil com base em pesquisas de opinião”, destaca o Estadão.
O jornal acredita que, em um gesto de ansiedade para produzir números positivos no curto prazo, é provável que Lula dobre a aposta no populismo que marcou o “desastroso mandarinato petista” encerrado em Dilma Rousseff.
Afinal, Lula nunca titubeou quando o assunto foi escolher entre responsabilidade popularidade. “Para ele e seus discípulos petistas, só há vida na gastança desenfreada e na sabotagem aos que tentam impor racionalidade no manejo do dinheiro público”, conclui o texto.