Mais de mil pessoas morreram da doença entre 1° de janeiro e 8 de abril deste ano
Em editorial publicado nesta quarta-feira (1°), o jornal Folha de S. Paulo apontou o “descaso” do poder público em relação à atual epidemia da dengue.
Descrevendo o último verão como “trágico”, o veículo de imprensa apontou que o “governo federal, estados e municípios não se prepararam adequadamente para a crise”, contribuindo para que o Brasil quebrasse um “recorde nefasto”: o maior número de mortes em meio a uma epidemia de dengue já registrado no país.
No texto, a Folha cita como exemplo da “atuação precária” do governo Lula o fato de que 145 mil das 668 mil doses da vacina contra a dengue que perderiam a validade no último dia 15 de abril não foram aplicadas.
“Como o imunizante japonês Qdenga requer aplicação de duas doses em intervalo de três meses, o Ministério da Saúde tinha o dever de agilizar a burocracia para autorizar sua aplicação pelo SUS. A vacina recebeu aval para venda pela Anvisa em março de 2023, mas a permissão para distribuição gratuita só veio em dezembro”, apontou.
O jornal também destaca que a crise atual não ocorreu por falta de aviso, frisando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia emitido dois alertas globais sobre a epidemia.
“Como a dengue impacta o sistema ambulatorial, o poder público deveria ter alocado recursos para infraestrutura material e de pessoal nesse setor. O risco de a dengue levar à morte é baixo. Ele aumenta quando o atendimento é precário, com superlotação e falta de prioridade com casos mais graves”, escreveu o periódico.
Entre 1° de janeiro e 8 de abril deste ano, 1.116 pessoas morreram em decorrência da doença, índice que já supera o número de óbitos pela dengue somados em todo 2023, quando o país registrou 1.094 casos fatais.
Diante deste cenário, a Folha terminou sua análise instando os governos a se prepararem “com mais responsabilidade” para o próximo verão.