Na visão do jornalista, STF tem confundido ataques pessoais com ataques à instituição
Durante programa da GloboNews nesta terça-feira (23), o jornalista Merval Pereira expôs indignação com o fato de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ser o relator do caso envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), ação em que o próprio magistrado seria vítima.
“O Supremo tem que tomar cuidado com isso. O Moraes é a vítima desse caso. Como é que ele vai ser o relator?”, indagou, no programa Estúdio i.
Na ocasião, Merval criticou o entendimento da Polícia Federal (PF) de que um ataque a um ministro específico seja um ataque à instituição da Suprema Corte.
“Esse é um dos problemas, porque há muito tempo o Supremo (Tribunal Federal) está confundindo ataques pessoais com ataques à instituição. O caso de Roma é exemplar disso. O ministro diz que foi atacado por uma pessoa, e vira um caso de segurança nacional. Não tem nenhum sentido isso”, acrescentou Merval.
Em coluna publicada na última sexta-feira (19) no jornal O Globo, o jornalista já havia se expressado nesse sentido. O texto é o intitulado Medidas Ditatoriais Não Cabem Numa Democracia.
“Precisamos voltar ao trilho de normalidade da democracia. Estamos tentando fazer, numa democracia, um controle que só as ditaduras fazem. Tem que haver uma diferença do que é um ataque à instituição, ataque criminal, calunia, difamação e o que é um comentário de quem é contra o governo, ou discorda de alguma ação da Corte”, defendeu ele.
CASO CARLA ZAMBELLI
A Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia contra Zambelli e Walter Delgatti, o hacker conhecido pelo caso da Vaza Jato. Eles são acusados de invasão a sistemas do Judiciário e falsidade ideológica.
De acordo com a denúncia, as invasões objetivavam subir mandados de prisão contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes e alvarás de solturas. Caberá ao próprio Moraes decidir se aceita ou não a denúncia da PGR, pois o ministro é o relator do inquérito.