Desembargador fala em “caça aos homens” em julgamento envolvendo assédio

Magistrado sugeriu que denunciante seria “sonsa”

Durante sessão da 6ª Câmara Cível do estado, o desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) Silvânio Divino de Alvarenga afirmou que há uma “caça aos homens” nos dias atuais e sugeriu que a denunciante de um assédio, que teria sido cometido pelo pastor Davi Passamani, seria “sonsa”.

“Essa caça aos homens… Daqui a pouco não vai ter nem encontro. Como você vai ter relacionamento com uma mulher, se não tiver um “ataque”? Vamos colocar “ataque” entre aspas. (…) Ela mesma falou que era sonsa… Se ela não foi muito sonsa”, acrescentou.

Alvarenga queixou-se do que avalia como um “rigor moral” muito elevado e disse que essa questão não pode ser levado a “ferro e fogo”.

“Nos Estados Unidos eu vi uma situação vexatória, me contaram uma coisa sobre uma determinada empresa que os homens não estavam chamando as mulheres para as festas que aconteciam. Achei isso horrível”, completou.

Além dele, o desembargador Jeová Sardinha afirmou que denúncias de assédio, racismo e violência de gênero viraram “modismo”, e que atualmente sente-se cético em relação a muitos casos.

“Esses dois temas viraram um modismo. (…) Nós temos que ter uma certa cautela para julgar e entender e compreender essas questões. Porque, para uma pessoa, pode ser um assédio moral, às vezes uma discriminação racista e para outra pessoa, não. Faz parte do jogo, faz parte da profissão, do trabalho dela”, acrescentou.

No julgamento em questão, que ocorria no âmbito civil, o objeto de análise era um pedido de danos morais feito pela jovem contra o pastor. No âmbito criminal, o caso de assédio sexual acabou arquivado por falta de provas.

A denunciante teve a solicitação atendida após Silvânio Alvarenga voltar atrás de seu voto contrário e se posicionar favorável à indenização.

Ao jornal O Globo, a advogada da jovem, Taísa Steter avaliou que os desembargadores proporcionaram um “julgamento moral” contra a denunciante, e declarou que os magistrados deveriam se retratar por suas falas, analisando o processo com “precisão técnica”.

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