A ideia é identificar se entre os doares há pessoas envolvidas no inquérito das milícias digitais
A Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou um parecer dizendo que é “relevante” que a Polícia Federal (PF) apure as doações recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) via Pix.
Uma campanha impulsionada por aliados de Bolsonaro tinha como objetivo ajudá-lo a pagar multas pelas vezes em que ele apareceu sem máscara durante eventos na pandemia. No total, 769 mil doações foram feitas, somando um total de R$ 17,2 milhões.
O posicionamento da PGR sobre essas doações é uma resposta à notícia-crime apresentada pelos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO), e pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ao Supremo Tribunal Federal (STF), cujo relator, o ministro Alexandre de Moraes, pediu um parecer para o órgão ligado ao Ministério Público.
No documento, os parlamentares dizem que a investigação pode encontrar doadores que teriam financiado os atos de 8 de janeiro e assim desbaratar atos da mesma natureza.
A PGR, por meio do subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, concordou com os parlamentares e entendeu que a PF poderá analisar os doadores e entender se eles estão envolvidos na ação sobre milícias digitais.
“Mostra-se relevante o encaminhamento da representação à Polícia Federal para apurar se as informações prestadas nesta representação efetivamente possuem conexão com o objeto destes autos. Em especial se as transações atípicas, noticiadas pelo Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] à mencionada CPMI [do 8 de janeiro], foram realizadas por doadores envolvidos na organização criminosa investigada nestes autos”, diz trecho do posicionamento da PGR.