Ministro do STF fez análise política em evento do TSE, Corte presidida por ele
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, condenou o crescimento do que chamou de populismo de extrema-direita em todo o mundo. Segundo o magistrado, o movimento representa uma ameaça à democracia, atacando-a por dentro, de forma indireta, como ocorre em um golpe de Estado.
“O que nós estamos vendo, já há pouco mais de uma década no mundo todo, é um aumento dos ataques à democracia, com estratégias diversas do que ocorreu na década de 60, principalmente na América Latina. Estamos vendo um crescimento de um populismo baseado na ideologia de extrema-direita. Mas um populismo que, de forma, eu diria, inteligente, passou a atacar a democracia internamente”, disse Moraes.
A análise política do membro do Judiciário ocorreu durante evento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – Corte que ele preside – que abordou o tema “democracia defensiva”.
O ministro falou sobre a existência de “milícias digitais” que disseminam desinformação sobre as instituições democráticas. Ele é o relator, inclusive, de um inquérito do STF sobre milícias digitais.
“É um populismo que verificou a incapacidade de um ataque externo à democracia, no sentido de romper formalmente com os ideais democráticos, e fez toda uma reconstrução, a partir da utilização basicamente das redes sociais, de milícias digitais, uma reconstrução estratégica para, com a desinformação, atacar as instituições democráticas e os mecanismos democráticos, por dentro, o que é extremamente perigoso”, analisou.
Moraes dedicou parte de seu tempo a dizer que houve uma “lavagem cerebral” para que as pessoas desacreditem da democracia.
“A partir de toda uma construção feita com base em premissas falsas, a partir de uma forte construção nas redes sociais, houve uma verdadeira lavagem cerebral em grande parte da população para desacreditar instituições, para desacreditar a democracia”, observou o ministro, fundindo pessoas revestidas de autoridade com as instituições de Estado as quais representam, convertendo críticas pessoais em ataques às instituições.
O ministro finalizou dizendo que os “salvadores da pátria populistas” se apresentam como a única solução.
“Mas não com o discurso, e esse é o perigo, de acabar com a democracia. Mas sim com um discurso de que os instrumentos democráticos, principalmente as eleições, não só esse discurso no Brasil, mas em vários países do mundo, estariam sendo fraudados e se o mecanismo estaria sendo fraudado, o resultado, consequentemente, seria uma fraude, e a democracia estaria em risco. Consequentemente só aqueles salvadores da pátria populistas poderiam salvar a democracia”, concluiu.