O sórdido esvaziamento da CPI do MST dá fôlego ao governo, mas o desgaste vai se aprofundar

Com o possível fim da isenção na taxa mínima de compras no exterior, e o aumento do combustível nas próximas semanas (Inclusive com falta de diesel nos postos) a popularidade de Lula tende a cair bastante.

Logo, sua militância radical, formada quase que por inteira de trabalhistas populares como o Movimento Sem Terra, serão acionadas para ajudar a conter as possíveis revoltas de membros dos partidos satélites.

Nisso, suas lideranças devem ter ameaçado Lula, para interromper a CPI do MST, que nos últimos dias tem desgastado o movimento em várias frentes.

Por isso rolou o esvaziamento da comissão através do Republicanos, cooptado pelo governo.

Lira, que até pouco tempo bateu de frente com Lula, viu processos contra o pai e aliados de Alagoas serem desarquivados. Mesmo sabendo que parte da pressão vem de seu inimigo no Senado, ele colabora e acata o pedido de cancelamento da convocação de Rui Costa, provavelmente negociando acordos com petistas para arquivar denúncias de deputados de direita, como Nikolas e Zambelli.

Lira não gosta de Lula, mas fez acordos para garantir emendas na compra da governabilidade, e não vai tentar parar um meteoro sabendo que tem teto de vidro. O líder da Câmara é famoso por cumprir promessas, e sabia que empurrando o Republicanos para fora da CPI, aumentaria a pressão para que Tarcísio saísse do partido, ao mesmo tempo que Ciro Nogueira faz acenos para que ele venha para o Progressistas. O governador de São Paulo é fiel a Bolsonaro, e não quer a presidência, mas sabe que vir especulado como candidato, aumenta seu capital político para negociar 2024 e 2026.

Provavelmente ele e Jair já entendem o jogo desse jeito, e não terão mais problemas de comunicação. Cabe a militância bolsonarista não bater no Lira coagido, e cair matando no Republicanos pela infidelidade de Marcos Pereira.

Se os movimentos forem corretos, mesmo perdendo parte do centro para o governo, podemos articular bastante coisa.

Os bolsonaristas estão aprendendo a fazer política, e se não errarem o bastante para sobreviver quatro anos, é provável que faremos uma grande bancada no Senado.

E aí sim, as coisas começam a mudar.

Por Victor Vonn Serran | Articulista

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