Ex-deputado afirmou que “gays com homofobia” desenvolvem “libido e fetiches em relação ao autoritarismo”
Após o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ingressar com uma representação contra o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT), o Ministério Público gaúcho pediu à Justiça, nesta sexta-feira (21), que seja determinada a remoção do tuíte de Jean criticando o gestor estadual pela decisão de manter as escolas cívico-militares no estado.
Na postagem em questão, Wyllys afirmou que “gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes”. Em seu pedido apresentado ao Judiciário, o promotor David Medina da Silva afirma que o ex-deputado “ultrapassou os limites da liberdade de expressão, ofendendo a dignidade e o decoro” de Eduardo Leite.
“O suspeito [Jean Wyllys] manifestou-se, em seu perfil do Twitter, de forma criminosa”, destaca o membro do MP.
Além de pedir a exclusão da publicação, o MP também solicitou à Justiça que determine a quebra de sigilo de dados do ex-deputado federal, com a liberação de informações cadastrais do usuário, de perfis vinculados à conta e de outros dados armazenados, além da localização do celular ou computador no momento da publicação. Em caso de descumprimento, o Ministério Público pede multa diária de R$ 100 mil.
Ao portal G1, o advogado de Jean, Lucas Mourão, disse que não teve acesso à integra do pedido e que não houve qualquer notificação formal. Além disso, o advogado classificou o pedido de quebra de sigilo de dados como “desproporcional”. Ainda não há uma previsão sobre quando a petição do MP deve ser apreciada pela Justiça do Rio Grande do Sul.
SOBRE A DISCUSSÃO
No último dia 14 de julho, Eduardo Leite fez uma publicação em seu Twitter anunciando que manteria o formato de escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul. A declaração do gestor estadual foi feita após o governo federal ter decidido encerrar o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim), criado em 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Horas depois, Jean Wyllys criticou o anúncio do governador, mas focou seu ataque principalmente no fato de a “decisão ter partido de um político assumidamente gay”. Na postagem, Wyllys ainda escreveu que “gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes”.
Ainda no dia 14 de julho, Eduardo Leite comentou a fala do ex-deputado e chamou a declaração de “manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções”.