Esses astros são uma das descobertas mais fascinantes já feitas
Os buracos negros são alguns dos elementos mais curiosos e até misteriosos que o homem já descobriu no campo da astronomia. A existência desses astros já era imaginada desde o século 18. Eles foram previstos em 1916, por meio da teoria geral da relatividade. O responsável? Karl Schwarzschild, astrônomo alemão e um dos fundadores da moderna astrofísica.
Mesmo que tenha sido teorizado há tanto tempo, os buracos negros só puderam ser vistos diretamente em 2019, por meio de um experimento da colaboração internacional chamada Event Horizon Telescope.
Os buracos negros são uma espécie de abismo cósmico, formados por uma grande quantidade de matéria, em um espaço menor que um único átomo. Esse astro suga para si tudo o que se aproxima de seu campo magnético. Sua atração gravitacional é tão forte que nem mesmo a luz consegue sair de seu interior.
Como são formados os buracos negros
Em entrevista a Revista Oeste, o professor de física Roberto Dias da Costa, da Universidade de São Paulo (USP), explica que há dois tipos principais de como os buracos negros se formam: os estelares e os supermassivos.
Os buracos negros estelares são resultado da evolução das estrelas de grande massa. “Para uma estrela terminar como um buraco negro, ela tem que se formar com uma massa de, no mínimo, 20 a 25 vezes a massa do Sol”, explica Costa. O professor afirmou que esses astros são “extremamente raros”, e que não são “muito grandes”, visto que terminam com uma massa de 3 a 4 vezes a do Sol.
Quando uma estrela chega ao fim de seu ciclo evolutivo, o núcleo estelar (miolo da estrela), onde a energia é produzida, fica tão pesado, e a sua pressão gravitacional se torna tão intensa, que os núcleos dos átomos são esmagados (caem), por não conseguirem sustentá-lo. Assim, os átomos ficam extremamente densos.
Essas estrelas geralmente possuem um diâmetro semelhante ao da Terra, mas, depois desse processo, passam a ter “um tamanho similar ao de São Paulo”, e formam uma “estrela de nêutrons”. Costa explica que, quando acontece esse colapso, a estrela “cai em si mesma” e, junto com a densidade extremamente grande, tende aumentar a potência e alcance de seu campo gravitacional.
Os buracos negros supermassivos não se originam do processo evolutivo das estrelas. Costa explica que esses objetos são criados a partir da formação das galáxias e se localizam em seus núcleos, inclusive na Via Láctea. “Eles são muito antigos e têm idade da própria galáxia, em torno de 3 bilhões de anos”, disse o professor. Costa revela que “o buraco negro da Via Láctea, nossa galáxia, tem 3,3 milhões de vezes a massa do Sol”.
Os buracos negros são os “ralos do universo”?
Diferentemente do que muitos pensam, Costa afirma que os buracos negros não são “ralos universais”, pois, se realmente fossem, “o universo não existiria”. “Como eles têm massa finita, seu campo gravitacional também é finito”, disse o professor.
“Em termos de atração gravitacional, eles funcionam exatamente como uma estrela, só atraem o que está nas proximidades”, explicou. “A única diferença (em comparação a uma estrela ordinária) é que seu campo gravitacional é tão intenso, que nem mesmo a luz consegue sair”, comentou o professor. Ele acrescentou que essa regra vale tanto para os buracos negros estelares, quanto para os supermassivos.