Em entrevista publicada pelo jornal O Globo, na sexta-feira 5, o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, disse o que pensa sobre o poder moderador e deu detalhes da relação entre o presidente Lula e as Forças Armadas.
“Olhar o artigo 142 da Constituição e enxergar que as Forças Armadas poderiam ser um poder moderador é equivocado”, disse. “As Forças Armadas não estão ali para discernir o que possa vir a ser um contencioso entre dois Poderes. O papel de interpretar a Constituição não é das Forças. É do Supremo Tribunal Federal.”
Sobre a relação de Lula com as Forças Armadas, depois do 8 de janeiro, Olsen disse que nunca viu a desconfiança do presidente “ir além das palavras na relação com a Força”.
“Acho absolutamente justificável, em função de tudo que ocorreu, que o presidente tenha as suas ressalvas em relação aos militares num contexto político ideológico”, disse. “Na medida que houve de fato o ocorrido, é natural que o presidente se sinta constrangido. Mas, desde a primeira conversa que eu tive com ele, sempre se mostrou preocupado em assegurar os investimentos para a Força.”
Além de comentar o poder moderador e a relação de Lula com as Forças Armadas, Olsen criticou a presença de militares da ativa, durante o governo Bolsonaro. O militar acha “equivocado manter-se no exercício desses cargos públicos como oficial da ativa”. Segundo ele, caso um militar migre para exercer um cargo público, deve requerer transferência para a reserva. Do contrário, não assume.