Indígenas foram detidos por esbulho possessório, resistência e desobediência
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, chamou de “inadmissível” a prisão de indígenas que ocuparam a Fazenda Inho, em Rio Brilhante, no estado de Mato Grosso do Sul. A área está em processo de regularização pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). As detenções ocorreram na última sexta-feira (3).
“É inadmissível que uma ação como esta avance sob corpos e territórios indígenas com tamanha violência, como foi relatado. Os Guarani-Kaiowá estão ali lutando pelo direito que lhes é garantido por lei e sabem que podem contar com o apoio e resguardo tanto do MPI, quanto da Funai, que foi impedida de acompanhar a ação”, disse a ministra.
A pasta informou que os indígenas Clara Barbosa, Adauto Barbosa e Lucimar Centurião foram detidos sob acusação de esbulho possessório, resistência e desobediência. A chefe da pasta federal notificou o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, para a adoção de providências sobre o caso.
De acordo com a Polícia Militar (PM), os indígenas enfrentaram os militares – que estariam no local apenas para evitar conflitos – com arco, flecha e facas. Em resposta, os agentes teriam então utilizado gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
O governo sul-mato-grossense, por sua vez, informou que o local também é alvo de disputa de um grupo de acampados de movimentos sem-terra, que estariam pressionando pela criação de um assentamento na região, e que, por conta disso, a PM atuou para evitar conflito entre as partes envolvidas.
“O governo estadual reitera disposição no cumprimento da lei, e espera celeridade na resolução das questões que cabem à União, especialmente porque a área em disputa já dispõe de laudos antropológicos”, completou a administração estadual.