Ministro de Lula apoia desapropriação de terra que não cumpre ‘função social’

Paulo Teixeira não condenou as ações recentes do MST e disse que o governo vai acelerar reforma agrária

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o governo federal pretende acelerar a reforma agrária no país e fazer a desapropriação de áreas que não cumpram a função social.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro evitou qualquer crítica ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), que desde o início do governo do presidente Lula já fez invasões de terras produtivas em São Paulo e na Bahia.

A última invasão foi em áreas da Suzano na Bahia, onde são cultivados eucaliptos e, portanto, se trata de áreas produtivas. A Constituição Federal não permite desapropriação de terras produtivas. Teixeira manifestou surpresa com a invasão, mas não recriminou a conduta.

“A mim agora cabe ajudar na superação desse conflito e cabe também estabelecer mecanismos preventivos de novos conflitos”, afirmou, à Folha.

Questionado sobre qual será a posição do governo em caso de invasões a áreas privadas e produtivas, o ministro não deu uma resposta direta. Afirmou apenas que “queremos acelerar o programa de reforma agrária, acelerar o atendimento às famílias que estão no campo”.

Teixeira, questionado sobre eventual punição para este tipo de ação, o ministro desconversou. “Na minha opinião, futuramente, quando tiver conflitos dessa natureza, eu vou colocar o ministério aberto para que o diálogo ocorra antes de qualquer tipo de ação.”

Na entrevista, o ministro disse que a reforma agrária ficou represada no governo de Jair Bolsonaro e, por isso, agora, “precisamos acelerar o programa”.

“O governo Bolsonaro paralisou todo processo de aquisição de áreas para reforma agrária”, acrescentando que o “governo anterior estimulou a violência e o uso de armas no campo”.

Número de invasões do MST este ano é maior que nos últimos 4

Porém, no governo de Bolsonaro praticamente não houve conflitos. As invasões pelo MST diminuíram consideravelmente em relação aos governos anteriores. Dados do Incra, mostram que foram 24 invasões em 4 anos, enquanto no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), foram 2,5 mil invasões; nos oito anos de Lula, 2 mil; e no governo Dilma Rousseff (2011 a 2016), mil invasões.

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