O carnaval deste ano é o que ocorre com o coronavírus em situação mais controlada desde que a pandemia foi decretada, há quase três anos. Especialistas em saúde não descartam eventual alta de casos, mas dizem que o aumento de ocorrências graves e mortes é mais improvável do que em edições anteriores.
Eles reforçam também alguns cuidados para os foliões, como atualizar o esquema vacinal e evitar contato com pessoas com sintomas gripais.
“Com certeza teremos mais casos (de Covid no carnaval), mas não dá para ter certeza se teremos mais óbitos e mais pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, disse o infectologista Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Ele afirmou ainda que esse diagnóstico ocorre principalmente por causa do avanço da vacinação no país.
“A expectativa é de que a gente não tenha uma grande repercussão (na pandemia) em relação ao carnaval”, falou a infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Ela relembrou que um boletim recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que a maioria dos estados segue com queda ou estabilização de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).
Conforme o balanço, divulgado na semana passada, considerando as 27 unidades federativas, apenas Acre, Amazonas, Espírito Santo e Pernambuco apresentam crescimento na tendência de longo prazo.
No período recente, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,3% para influenza A; 1,1% para influenza B; 24,8% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 61,7% para Sars-CoV-2. A Covid representa 91% dos óbitos, seguida pelo VSR, com 5%.
Segundo Raquel, eventos como o carnaval costumam causar preocupação, mas há alguns fatores que podem frear quadros graves no momento atual.
“Quase a totalidade das pessoas presentes nas festividades de carnaval e em aglomerações deve ter tomado possivelmente duas doses da vacina, no mínimo, e está na faixa etária de jovem adulto. São pessoas que normalmente não têm nenhuma comorbidade importante e para quem o risco de quadros graves é muito pequeno”, disse.
TESTES
Em boletim publicado na última semana, o Instituto Todos pela Saúde (ITpS) apontou que tanto a taxa de positividade dos testes de Covid-19, que está em 15%, quanto do vírus sincicial respiratório (18%) apresentaram leve tendência de alta no início deste mês. As análises foram feitas com base em 928 mil testes realizados pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, HLAGyn e Sabin.