O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou Jair Bolsonaro, seu antecessor no cargo, de ser culpado pelos calotes de países como Cuba e Venezuela ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A fala ocorreu nesta segunda-feira, 6, durante a posse de Aloizio Mercadante na presidência do banco. “Os países que não pagaram, seja Cuba ou Venezuela, é porque o presidente [Bolsonaro] resolveu cortar as relações com eles para não cobrar e poder ficar nos acusando”, disse o chefe do Executivo. Juntas, essas deram um calote de quase US$ 1 bilhão.
De acordo com Lula, o BNDES nunca deu dinheiro para países amigos de seu governo. Além disso, o político também omitiu que 98% de todo o dinheiro emprestado aos projetos de engenharia no exterior financiaram obras de cinco empresas.
Na lista, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Correa e OAS. Todas elas tiveram executivos condenados em razão de crimes cometidos na esteira do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade, exposto nas investigações da Operação Lava Jato.
Mesmo com esse histórico, Lula quer que o BNDES seja o indutor do crescimento no país. “O BNDES precisa urgentemente ser um indutor de crescimento do país”, disse. “E não pode ser demorado.”
Lula volta a atacar o Banco Central
Durante o discurso, Lula também voltou a atacar o Banco Central. O petista falou que não existe nenhuma justificativa para a atual taxa de juros: 13,75% ao ano. Ele ainda chamou de “vergonha” as justificativas dadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) por ter fixado a Selic no patamar atual.
O político também pediu que os empresários comecem a reclamar das decisões sobre a taxação.
“A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, precisa aprender a reclamar dos juros altos”, declarou. “Precisa aprender a reclamar, porque quando o Banco Central era dependente de mim todo mundo reclamava.”
Entre os fatores para colocar os juros na marca atual, o Copom alegou a persistência das “pressões inflacionárias globais” e a “elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país”.